segunda-feira, 12 de março de 2012

Sobre a morte e a vida

Morre-se muito por aqui. Diariamente convivemos com pessoas que recentemente perderam parentes e amigos. Hoje recebi a notícia que uma adolescente, irmã do professor do João, morreu na sexta. O cunhado do Henriques, que nos ajuda, morreu hoje. O Ali que encontrei no sábado perdeu há algum tempo uma filha de 4 anos. A pastora que encontrei no banco perdeu um filho de 1 ano e uma neta há dois anos atrás. 
Quando Cesinha chegou do Brasil os trabalhadores do CECORE perguntaram como estava sua família. Ao dizer a idade do meu sogro todos ficaram espantados. “Não é possível alguém viver até 84 anos!”.
A região norte de Moçambique, aonde moramos, é a mais empobrecida do país. Aqui é onde as mazelas doem mais. Malária, cólera, HIV, são rotina. Com exceção do HIV, muitas doenças poderiam ser evitadas com melhoria no saneamento básico. Isso salvaria muitas vidas. Mas o dinheiro não chega, a vontade não ajuda, o pecado embarreira. Enquanto isso, logo ali: botox, vitaminas, dietas contra radicais livres. 
Fico pensando num filme que vi recentemente “In time” em português "O preço do amanhã" aonde poucos tinham muitas horas de vida e muitos apenas um dia. Soa familiar?


4 comentários:

  1. Amiga,
    num é? Eu fico muito horrorizada e chocada com tanta diferença social e financeira. Acho que depois que a gente é mae as coisas ficam mais gritantes. Desde que vcs foram praí eu tenho pautado muito minha vida pensando em vcs. Pq aqui o acesso ao luxo, à marcas bacanas e tudo aquilo que nossa sociedade besta-brasileira inculca na gente é muito fácil. Daí toda vez que fico tentanda a ter algo que nao preciso mas que me faria "pagar de gatinha" eu penso em vcs, sabia? Eu penso assim: se eu estivesse onde a Rebeca tá eu precisaria. Amiga, é de Deus demais! Como temos economizado! rsrsrsr Com o tempo o valor das coisas mudou no meu coraçao (sem pensar eu tô escrevendo um testemunho de como vcs sao exemplo nas nossas vidas). Tá tudo errado! Amiga, do fundo do coraçao eu tento nao julgar mas nao dou conta de ver gente direcionando a vida no sentido de moda, do fashion, do consumismo. Tento entender, falo pra mim mesma que é a cara da pessoa, que é o sonho dela e que ali tb é um campo missionário. Mas me dói, amiga. Me dói saber que tal marca brasileira tá lançando sapatos que nao deixam nada a desejar às marcas estrangeiras e os preços sao exorbitantes. E ao mesmo tempo me lembrar da sua escola saqueada com os alunos querendo estudar nem que seja sentadinhos no chao. Como pode? Como eu posso querer comprar uma roupinha pra minha filha só pq e bonitinha mas ela nem precisa sabendo que a galera aí ta morrendo sem saneamento? Amiga, só Jesus na causa, viu?
    Só sei que desde que pari cada minuto da minha vida é o mais importante do mundo pq eu quero viver da melhor maneira possível pq quero que minha filhinha tenha os valores certos no coraçao. E ser exemplo, amiga, tem hora que nao e fácil.
    Amo vcs todos aí. Fica firme e lembre-se que a morte pode nao ser o fim!

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  2. Amiga, só tem graça se a morte não for o fim. Nossa vida muda radicalmente depois dos filhos e ainda bem que é pra melhor. Eu também acho consumismo o Ó, mas se o mundo fashion mandar o dinheiro do lucro pra cá já fico mais feliz. O lance também nem é só o dinheiro, mas ele chegar aonde tem que chegar. Resumindo precisamos é obedecer ao mestre: amar como Ele nos amou. Dessa forma nossas prioridades vão se acertando.
    Amo vcs!
    Rebeca

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  3. Minha querida Rebeca a sua dor é infinatamente minha tambem. Que O Senhor nos de coragem para prosseguir sem olhar para trás, porque afinal nosso campo e imenso poucos os que se despoem a VIR e muito menos os que se despoem a contribuir e o que dizer das orações!!!!! corrramos..... Carla

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  4. Gostei do post...é uma diferença radical!!!

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