quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Emoções

Costumo achar meu trabalho o melhor do mundo, afinal é assim que eu sou recebida todas as manhãs.



Mas tem dia...tem dia.... que eu me pergunto o que exatamente eu estou fazendo nesse mundo.
Hoje conheci Verônica, mãe de 7, viúva, cuja casa caiu. Ela me pediu carona para deixar 3 dos filhos dela em um orfanato. As freiras não aceitaram nenhuma das crianças alegando que elas tinham que ser órfãs por parte de mãe. As crianças estão doentes e moscas voavam no rosto delas enquanto conversávamos com a freira. Saímos de lá com 10 quilos de alimentos e a promessa de que ela poderá buscar mais no próximo mês. E eu tive que voltar para Carrupéia com ela e os filhos e levá-la para a casa que ela está morando de favor. Tipo assim, que trabalho é esse? Eu queria levar as crianças pra minha casa, eu queria dar banho nelas, eu queria arrumar uma casa para elas, eu queria....mas depois de alguns anos trabalhando com a pobreza eu sei que nada disso vai mudar a realidade delas. E o que vai mudar? É um processo e pode demorar anos.
E quantos outros estão ali em situações semelhantes? Lembro do Cesinha pregando sobre quem é meu próximo. O próximo é quem está próximo. Então amanhã eu e minha próxima Verônica vamos levar as crianças no hospital. E depois? Depois, não sei.  E eu não sei aonde colocar essa dor e aonde colocar a dor de às vezes não sentir dor.
Então divido um pouco aqui com vocês, meus amigos do blog.